Pensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto


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Os anos 1970, período que podemos identificar como o de formação das teorias feministas no Brasil, foi também o ponto de ebulição dos movimentos feministas no mundo. Se nesse momento, lá fora, as mulheres se uniam para lutar contra a discriminação sexual e pela igualdade de direitos, impulsionadas pelas utopias da década anterior, por aqui era preciso se posicionarem contra a ditadura militar e a censura, em um duro combate pela redemocratização do país, pela anistia e por condições básicas de vida. Não é estranho notar, portanto, que em boa parte dos textos reunidos nesta edição ¬– de dezenove autoras –, a conjuntura política brasileira não se apresente apenas como pano de fundo, se impondo como fator determinante das próprias definições temáticas e abordagens dos estudos datados desses anos, em que o feminismo brasileiro se formava entre o ativismo e a necessidade de novas reflexões, circulando em grupos informais, centros de estudos e movimentos sociais – muitas vezes vinculado ao Partido Comunista e à Igreja Católica progressista, instituição particularmente importante enquanto oposição ao regime militar. Pois é nesse ambiente que despontaram intelectuais dispostas a inaugurar uma nova área de estudos no país, criando um campo próprio de saber voltado para as pesquisas sobre a mulher. Se por um lado essas pioneiras, em sua maioria ligadas às áreas das ciências sociais e da história, acompanhavam as demandas teóricas da esquerda, paulatinamente foram incorporando em suas investidas acadêmicas temáticas específicas como planejamento familiar, violência doméstica, sexualidade, saúde da mulher e a as variadas instâncias onde se manifestavam as desigualdades de gênero. A partir dos anos 1980, não foi possível silenciar vozes que se impunham demandas específicas, sobretudo as das mulheres negras, momento em que se destacam algumas das intelectuais mais singulares desse contexto, que fizeram da interseccionalidade um tema definitivo no debate feminista brasileiro. Como explica a organizadora da obra, Heloisa Buarque de Hollanda, também ela personagem dessa história, este livro tem como missão reunir as contribuições seminais que emergiram entre os anos 1970 e 1990, e seus reflexos ainda no começo do século XXI, e que possibilitaram a existência de um pensamento feminista no Brasil, consolidado a partir do empenho e do trânsito dessas mulheres entre a universidade, a militância e a política. Parece fundamental no contexto atual, em que os estudos feministas e também o ativismo ganham espaço no país, que os nomes dessas importantes pensadoras brasileiras afirmem seu lugar para as novas gerações, a partir do conhecimento e reconhecimento de uma atuação que entende os estudos feministas como um campo de contínua expansão, afirmação e resistência. As autoras reunidas são: Albertina Costa, Angela Arruda, Beatriz Nascimento, Branca Moreira Alves, Bila Sorj, Carmen Barroso, Constância Lima Duarte, Cynthia Sarti, Heleith Saffioti, Jacqueline Pitanguy, Leila Linhares Barsted, Lélia Gonzales, Lourdes Maria Bandeira, Margareth Rago, Maria Betânia Ávila, Maria Odila Leite da Silva Dias, Mary Castro, Rita Terezinha Schmidt e Sueli Carneiro.




Pensamento Feminista Brasileiro


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Os anos 1970, período que podemos identificar como o de formação das teorias feministas no Brasil, foi também o ponto de ebulição dos movimentos feministas no mundo. Se nesse momento, lá fora, as mulheres se uniam para lutar contra a discriminação sexual e pela igualdade de direitos, impulsionadas pelas utopias da década anterior, por aqui era preciso se posicionarem contra a ditadura militar e a censura, em um duro combate pela redemocratização do país, pela anistia e por condições básicas de vida. Não é estranho notar, portanto, que em boa parte dos textos reunidos nesta edição ¬– de dezenove autoras –, a conjuntura política brasileira não se apresente apenas como pano de fundo, se impondo como fator determinante das próprias definições temáticas e abordagens dos estudos datados desses anos, em que o feminismo brasileiro se formava entre o ativismo e a necessidade de novas reflexões, circulando em grupos informais, centros de estudos e movimentos sociais – muitas vezes vinculado ao Partido Comunista e à Igreja Católica progressista, instituição particularmente importante enquanto oposição ao regime militar. Pois é nesse ambiente que despontaram intelectuais dispostas a inaugurar uma nova área de estudos no país, criando um campo próprio de saber voltado para as pesquisas sobre a mulher. Se por um lado essas pioneiras, em sua maioria ligadas às áreas das ciências sociais e da história, acompanhavam as demandas teóricas da esquerda, paulatinamente foram incorporando em suas investidas acadêmicas temáticas específicas como planejamento familiar, violência doméstica, sexualidade, saúde da mulher e a as variadas instâncias onde se manifestavam as desigualdades de gênero. A partir dos anos 1980, não foi possível silenciar vozes que se impunham demandas específicas, sobretudo as das mulheres negras, momento em que se destacam algumas das intelectuais mais singulares desse contexto, que fizeram da interseccionalidade um tema definitivo no debate feminista brasileiro. Como explica a organizadora da obra, Heloisa Buarque de Hollanda, também ela personagem dessa história, este livro tem como missão reunir as contribuições seminais que emergiram entre os anos 1970 e 1990, e seus reflexos ainda no começo do século XXI, e que possibilitaram a existência de um pensamento feminista no Brasil, consolidado a partir do empenho e do trânsito dessas mulheres entre a universidade, a militância e a política. Parece fundamental no contexto atual, em que os estudos feministas e também o ativismo ganham espaço no país, que os nomes dessas importantes pensadoras brasileiras afirmem seu lugar para as novas gerações, a partir do conhecimento e reconhecimento de uma atuação que entende os estudos feministas como um campo de contínua expansão, afirmação e resistência. As autoras reunidas são: Albertina Costa, Angela Arruda, Beatriz Nascimento, Branca Moreira Alves, Bila Sorj, Carmen Barroso, Constância Lima Duarte, Cynthia Sarti, Heleith Saffioti, Jacqueline Pitanguy, Leila Lingares Barsted, Lélia Gonzales, Lourdes Bandeira, Margareth Rago, Maria Bethânia Ávila, Maria Odila Leite da Silva Dias, Mary Castro, Rita Terezinha Schmidt e Sueli Carneiro.




The Palgrave Handbook of Critical Race and Gender


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This handbook unravels the complexities of the global and local entanglements of race, gender and intersectionality within racial capitalism in times of #MeToo, #BlackLivesMatter, the Chilean uprising, Anti-Muslim racism, backlash against trans and queer politics, and global struggles against modern colonial femicide and extractivism. Contributors chart intersectional and decolonial perspectives on race and gender research across North America, Europe, Latin America, the Caribbean, and South Africa, centering theoretical understandings of how these categories are imbricated and how they operate and mean individually and together. This book offers new ways to think about what is absent/present and why, how erasure works in historical and contemporary theoretical accounts of the complexity of lived experiences of race and gender, and how, as new issues arise, intersectionalities (re)emerge in the politics of race and gender. This handbook will be of interest to students and scholars across the social sciences and humanities.




Feminisms in Movement


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Feminist movements from the Americas provide some of the most innovative, visible, and all-encompassing forms of organizing and resistance. With their diverse backgrounds, these movements address sexism, sexualized violence, misogyny, racism, homo- and transphobia, coloniality, extractivism, climate crisis, and neoliberal capitalist exploitation as well as the interrelations of these systems. Fighting interlocking axes of oppression, feminists from the Americas represent, practice, and theorize a truly »intersectional« politics. Feminisms in Movement: Theories and Practices from the Americas brings together a wide variety of perspectives and formats, spanning from the realms of arts and activism to academia. Black and decolonial feminist voices and queer/cuir perspectives, ecofeminist approaches and indigenous women's mobilizations inspire future feminist practices and inform social and cohabitation projects. With contributions from Rita Laura Segato, Mara Viveros Vigoya, Yuderkys Espinosa-Miñoso, and interviews with Anielle Franco (Brazilian activist and minister) and with the Chilean feminist collective LASTESIS.




Policing the Amazon


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This edited collection discusses the rule of law in the Amazon and the capabilities of the region’s sovereign states to police their territory considering security matters. Comprised of nine countries, including a European Union member, the Amazon region features states facing political instability, poverty, social inequalities, high levels of corruption, and lack of trust by their populations. This context is aggravated by the presence of criminal organizations operating there and shaping transnational bonds. Notably, the world’s foremost cocaine-producing countries—Colombia, Peru, and Bolivia—are located in the region, presenting related turmoil and instability. Moreover, as home to the largest rainforest on Earth and the widest biodiversity, the region is an object of concern due to environmental reasons. The protection of these natural resources as well as the traditional peoples living there is intertwined with issues of development, security, and policing. The book delves into questions on the international agenda, such as: how is it possible to sustain the rule of law in the Amazon? What are the states’ capabilities for controlling the territory and enforcing the law? How do these states deal with the growing urban violence in the region? What are the capabilities of public authorities for proposing laws and policies, and judicial systems to process, prevent, and suppress different crimes such as drug dealing, smuggling, human trafficking, terrorism, and environmental crimes? The book fills a gap in English-language scholarship exploring the context of the rule of law in the Amazon and the impact on policing activities. It is ideal for a wide range of audiences, including policing scholars, law enforcement and community leaders, and students focusing on criminal justice and the Amazon.




The Dialectic Is in the Sea


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Collected writings by one of the most influential Black Brazilian intellectuals of the twentieth century Beatriz Nascimento (1942–1995) was a poet, historian, artist, and political leader in Brazil’s Black movement, an innovative and creative thinker whose work offers a radical reimagining of gender, space, politics, and spirituality around the Atlantic and across the Black diaspora. Her powerful voice still resonates today, reflecting a deep commitment to political organizing, revisionist historiography, and the lived experience of Black women. The Dialectic Is in the Sea is the first English-language collection of writings by this vitally important figure in the global tradition of Black radical thought. The Dialectic Is in the Sea traces the development of Nascimento’s thought across the decades of her activism and writing, covering topics such as the Black woman, race and Brazilian society, Black freedom, and Black aesthetics and spirituality. Incisive introductory and analytical essays provide key insights into the political and historical context of Nascimento’s work. This engaging collection includes an essay by Bethânia Gomes, Nascimento’s only daughter, who shares illuminating and uniquely personal insights into her mother’s life and career.




Gender Diversity, Equity, and Inclusion in Academia


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Institutional focus on diversity, equity, and inclusion affects all parts of higher education management. Gender Diversity, Equity, and Inclusion in Academia: A Conceptual Framework for Sustainable Transformation scrutinises the conceptual framework for diversity, equity, and inclusion actions in academia to facilitate research-based and critically reflected decisions in higher education management. The book contains 24 chapters, each focused on one of 24 fundamental concepts that are essential for identifying, understanding, and implementing organizational changes and counteracting unjustified disadvantages faced by women and members of other gender minorities in academia, preceded by an introductory binding chapter. The book also discusses concepts directed towards solutions, such as affirmative action and feminist pedagogies, and overcomes the traditional binary approach on gender by incorporating specific challenges faced by LGBTQ+ and transgender staff and students. Gender Diversity, Equity, and Inclusion in Academia will be key reading for academics in Gender Studies and Education Studies, while also serving as a vital resource for individual consumers working in or preparing to enter leadership positions in higher education.




World Christianity and Interfaith Relations


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In this landmark volume, a rich array of voices make the case that religion is not partitioned off from the secular in the Global South the way it is in the Global North. Authors work at the intersections of freedom and Nationalism, peace and reconciliation, and gender, ecology, and ethnography to contend that religion is in fact deeply integrated into the lives of those in the Global South, even though "secularism"--a political philosophy that requires the state to treat all religions equally--predominates in many of the regions. World Christianity and Interfaith Relations is part of the multi volume series World Christianity and Public Religion. The series seeks to become a platform for intercultural and intergenerational dialogue, and to facilitate opportunities for interaction between scholars across the Global South and those in other parts of the world by engaging emerging voices from a variety of indigenous Christianities around the world. The focus is not only on particular histories and practices, but also on their theological articulations and impact on the broader societies in which they work.




Nenhuma língua é neutra


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"Eu me tornei eu mesma. Uma mulher que olha / pra uma mulher e diz: aqui eu te encontrei" - Dionne Brand No cruzamento de geografias e tempos, culturas e línguas, entre a violência colonial e a descoberta do amor, Dionne Brand faz da sua poesia um campo para elaborar uma narrativa própria de mulher negra e diaspórica, e novas maneiras de estar no mundo. "Em Nenhuma língua é neutra, a poeta Dionne Brand, nascida em Trinidad e Tobago e radicada no Canadá, nos move a ouvir o "arrastar de correntes e gongo de cobre" e os "falsetes de chicote" no sotaque da ilha caribenha, cuja gramática é composta por uma violência colonial incontornável. Porém, se a violência constitui a língua, é por meio da poesia que Brand pode criar um lugar de autodescoberta baseada numa interlocução amorosa e ética com mulheres negras, insinuando outras formas de habitar o mundo" - Fernanda Silva e Sousa, texto de orelha "Este é um livro em que Dionne Brand homenageia, em específico, as mulheres que constroem tantas diásporas como possíveis, como reais, mesmo sendo invisibilizadas em meio a tantas narrativas [...]. Brand faz poemas para sua avó, para a mãe que a abandonou, para as mulheres negras responsáveis por lutas de libertação no Caribe, ex-escravizadas desafiando a necronologia colonial, para a lesbiandade, e para Yemanjá, ainda que não chamada por esse nome" - tatiana nascimento, posfácio "Eu me tornei eu mesma. Uma mulher que olha pra uma mulher e diz: aqui eu te encontrei, assim estou empretecendo do meu jeito. Você me mostrou o mundo inteiro. Foi como se outra vida explodisse na minha cara, iluminando tão facilmente a ponta de uma asa que toca a rebentação, tão facilmente que eu vi meu próprio corpo, ou seja, meus olhos me seguiram a mim mesma, me tocaram como um lugar, outra vida, terra. Dizem que esse lugar não existe, então, minha língua é mística. Eu já estive aqui." - Dionne Brand




Psychology and Rural Contexts


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This book brings together a selection of theoretical reflections, empirical researches and professional experiences to showcase the increasing production of psychological studies in rural contexts developed in Latin America in recent years. Psychology’s tradition of science and eminently urban profession has produced a void of reflections and approaches on important actors of the societies that constitute their existence in rural contexts and in relation – whether of integration, conflicts and contradictions – with urban agents. But a new generation of psychologists are turning their attention to rural contexts, especially in Latin America. This volume aims to present a selection of these psychological studies and interventions developed in rural contexts from a psychosocial and interdisciplinary perspective, developed together with various social actors who live and work in rural spaces, that have an important relationship with land and nature both in terms of the elaboration of their history, the production of their subjectivities and identity ties with the territory, and the engagement in struggles for the right to land and for public policies that guarantee access to education and health services, technical assistance and infrastructure for its working activities. The book is divided in five parts, each one dedicated to a dimension of psychosocial studies and interventions in rural contexts: theoretical approaches; mental health and rural populations; social movements, communities and resistance practices; gender relations and subjectivation processes; and environment and sustainability. Chapters in each axis prioritize reports of experiences and research conducted with participatory approaches, producing new perspectives and reflections that contribute to the advancement of knowledge in the field of psychology, both regionally and globally.